Platão e o Problema do μεταξύ no Lysis

Main Author: Oliveira, Samuel
Other Authors: Braga, Joaquim, Instituto de Estudos Filosóficos, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Format: Article Journal
Bahasa: por
Terbitan: , 2018
Subjects:
Online Access: https://zenodo.org/record/3479251
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author Oliveira, Samuel
author2 Braga, Joaquim
Instituto de Estudos Filosóficos
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Fundação para a Ciência e a Tecnologia
title Platão e o Problema do μεταξύ no Lysis
publishDate 2018
topic Lysis
Platão
μεταξύ
url https://zenodo.org/record/3479251
contents O passo do Lysis que se trata de considerar neste breve estudo tem o carácter de uma “peça” de um puzzle muito mais vasto – e tudo o que veremos corresponde justamente à natureza fragmentária e unilateral que uma “peça” tem, quando arrancada ao puzzle a que pertence. Não poderemos aqui dar sequer um vislumbre da complexidade desse puzzle, mas importa ainda assim referir de passagem mais algumas das suas peças, a fim de se perceber um pouco melhor o contexto em que a “peça” do Lysis se vem inscrever e a “figura” que se desenha nela. Uma dessas peças diz respeito ao próprio campo semântico da palavra “ ύ”. ύ não é senão o nome de um advérbio ou de uma preposição relativa à ideia de lugar ou de tempo – e significa “apenas” qualquer coisa como “entre”, “no meio de”, “intervalo”, “entretanto”, etc. Por outras palavras: aos ouvidos dos Antigos “ ύ” não soaria como algo estranho, rebuscado ou distante, como se se tratasse de uma noção estritamente técnica, que pertence a um âmbito de realidade afastado da experiência comum e do uso familiar da língua. Pelo contrário: “ ύ” é tão familiar e evidente como o nosso “entre”, “meio”, etc. – e nada envolve de “transcendente” a seu respeito. Quer dizer: a noção de ύ era usada pelos Antigos da mesma forma desprevenida e familiar com que nós dizemos “estar entre a vida e a morte”, “estar entre a espada e a parede”, “ser meio caminho andado”, “meio cá, meio lá”, e expressões análogas. O que encontramos no Lysis está justamente em diálogo com esta noção comum, desprevenida: com algo que toda a gente sabe e que soa familiar a todos os ouvidos.
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